Rússia considera a legalização permanente de stablecoins

Rússia considera a legalização permanente de stablecoins

A Rússia está considerando a possibilidade de legalizar permanentemente as stablecoins para transações internacionais, a fim de simplificar os pagamentos internacionais para empresas russas sob sanções em andamento, de acordo com uma reportagem de 3 de julho do jornal russo Izvestia, citando o Banco Central da Rússia.

O relatório indica que o Banco Central da Rússia (CBR) está discutindo ativamente propostas para permitir o uso desses ativos criptográficos, que são atrelados a moedas ou ativos estáveis, como o dólar americano ou o ouro, tornando-os menos voláteis em comparação com outros ativos criptográficos.

Alexey Guznov, vice-presidente do Banco Central da Rússia, confirmou essa iniciativa, enfatizando que o foco principal está na regulamentação de toda a cadeia de transações – desde a transferência desses ativos para a Rússia até a acumulação e o uso deles para pagamentos internacionais.

Guznov observou que isso poderia se tornar uma regulamentação permanente em vez de um experimento temporário. Ele destacou que, embora as stablecoins compartilhem semelhanças com os ativos financeiros digitais (DFA) e os ativos criptográficos, suas características exclusivas e sua ampla adoção exigem um ajuste fino da estrutura regulatória.

O relatório sugere que as stablecoins são vistas como uma ferramenta promissora para liquidações internacionais, especialmente em transações com países do BRICS, que incluem Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Os especialistas acreditam que esses ativos podem proporcionar liquidez significativa e recursos de longo prazo ao mercado. A União Russa de Industriais e Empreendedores (RSPP) também considera as stablecoins uma ferramenta importante para aprimorar as transações internacionais em face das sanções ocidentais.

Em março de 2024, o presidente russo Vladimir Putin assinou uma lei que permite o uso do DFA para pagamentos internacionais. No entanto, devido a preocupações com sanções secundárias de empresas estrangeiras, esse processo não foi totalmente implementado.

Além disso, o DFA da Rússia é atualmente incompatível com o mercado global de ativos criptográficos, limitando seu uso em pagamentos internacionais devido a problemas de conversibilidade e liquidez.

As stablecoins já se tornaram uma ferramenta popular para transações globais. Somente no primeiro trimestre de 2024, o valor total das transações com stablecoins atingiu US$ 6,8 trilhões, quase equivalente ao volume total de todo o ano de 2022.

Entretanto, na Rússia, o uso de stablecoins está atualmente limitado a iniciativas de empresas individuais, com a maioria das empresas usando stablecoins para transações com a China.

Os especialistas enfatizam a necessidade de uma estrutura regulatória clara e uma infraestrutura robusta para dar suporte às transações de stablecoin, incluindo a definição das “regras do jogo” para ativos de criptografia e mineração para promover operações legais e transparentes.

Se os pagamentos em stablecoins forem legalizados, as empresas russas, inclusive as estatais, poderão usar amplamente as stablecoins para pagamentos, tornando essas transações mais simples e compatíveis.

A última rodada de sanções da União Europeia, em junho, proibiu as organizações europeias de se conectarem à alternativa russa ao SWIFT, o Sistema de Mensagens Financeiras do Banco da Rússia (SPFS).

Devido a esses acontecimentos e à desconexão da Rússia da SWIFT em 2022, a importância do desenvolvimento de mecanismos de pagamento alternativos aumentou.

Stablecoins podem contornar sistemas tradicionais como o SWIFT, oferecendo uma possível solução para esses desafios.

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