Ao contrário da crença popular, a África é um ator importante no cenário global de cryptocurrency, com a Nigéria liderando o cenário. Nos últimos anos, os nigerianos adotaram avidamente as moedas digitais em um ritmo sem precedentes.
Por que o surto de criptografia na Nigéria?
A economia da Nigéria tem estado em uma montanha-russa, com a inflação disparando e muitos cidadãos buscando formas alternativas de gerenciar suas finanças. As moedas digitais ofereceram aos nigerianos uma fuga da desvalorização de sua moeda nacional, a naira, e uma proteção contra a instabilidade econômica que assola o país.
No entanto, o governo está cada vez mais cauteloso com esse cenário digital em expansão. Agora, ele está tomando medidas para controlar o crescente mercado de criptomoedas, juntando-se a outras nações africanas na busca do equilíbrio entre regulamentação e inovação.
O mercado digital em expansão da Nigéria
Embora muitas nações mais ricas estejam adotando criptomoedas, pode surpreender alguns o fato de que, em 2022, a Nigéria ficou em segundo lugar no ranking global de uso de criptomoedas. As tendências de pesquisa do Google também revelaram que os etíopes estão cada vez mais interessados em moedas digitais.
Esse aumento no interesse é impulsionado pelas altas taxas de inflação e pela desconfiança geral em relação aos sistemas bancários tradicionais. A rápida desvalorização da naira nigeriana alimentou ainda mais a mudança para ativos digitais.
Em 2021, o Banco Central da Nigéria tentou restringir o uso de criptomoedas proibindo os bancos de facilitar as transações de criptomoedas. No entanto, essa medida pouco fez para desacelerar a adoção. Os nigerianos continuaram a negociar moedas digitais por meio de redes peer-to-peer (P2P), ignorando totalmente o sistema bancário.
No final de 2022, a proibição foi suspensa e, agora, a Comissão de Valores Mobiliários da Nigéria (SEC) assumiu a tarefa de regulamentar o mercado de criptografia.
Novas regulamentações de criptografia da SEC
Recentemente, a SEC da Nigéria anunciou medidas mais rigorosas visando as bolsas de criptomoedas que não cumprem suas regras. Isso marca uma mudança significativa, já que antes havia pouca supervisão no setor.
A SEC introduziu uma nova iniciativa chamada ARIP, que já aprovou duas bolsas locais – Quidax e Busha – permitindo que elas operem legalmente na Nigéria.
A SEC planeja reprimir todas as bolsas não registradas, sejam elas administradas por pessoas físicas ou jurídicas. Seu principal objetivo é proteger os investidores e evitar o uso de criptomoedas para atividades ilícitas, como lavagem de dinheiro.
O Dr. Emomotimi Agama, uma figura importante na SEC, deixou claro que a aplicação desses regulamentos começará em breve. O objetivo é promover o crescimento do mercado digital e, ao mesmo tempo, garantir a segurança e a proteção dos investidores.
O risco de um mercado digital sem controle
Embora o comércio de criptomoedas possa ser benéfico, especialmente em países com sistemas bancários fracos, um mercado não regulamentado apresenta riscos significativos. As criptomoedas são notórias por sua volatilidade e vulnerabilidade a fraudes.
Ao criar regulamentações, a SEC espera mitigar esses riscos. No entanto, alguns temem que o excesso de regulamentação possa sufocar a inovação no espaço criptográfico, que prospera em sua natureza descentralizada e menos regulamentada.
Na Nigéria, as novas regras poderiam proteger os cidadãos de golpes e crimes financeiros. Mas também há a preocupação de que o governo possa usar essas regulamentações para exercer um controle mais amplo sobre o sistema financeiro.
A repressão às bolsas não registradas poderia cortar uma linha de vida financeira essencial para muitos nigerianos, que dependem dessas plataformas para administrar seu dinheiro.
Como a Nigéria se diferencia de outras nações africanas na regulamentação de criptografia
Os países africanos abordaram a regulamentação das criptomoedas de várias maneiras. O Quênia e a África do Sul, por exemplo, têm sido mais cautelosos, realizando pesquisas completas antes de implementar qualquer regulamentação.
Conhecido por suas inovações em dinheiro móvel, o Quênia está interessado na tecnologia por trás das moedas digitais, mas continua cauteloso com sua natureza volátil. Enquanto isso, a África do Sul formou uma força-tarefa para estudar os riscos e benefícios das criptomoedas.
Ao permitir que algumas bolsas operem legalmente, a Nigéria está se posicionando como líder em regulamentação de criptografia na África. Essa é uma nova fronteira, e a forma como a Nigéria lida com a regulamentação das criptomoedas pode influenciar a abordagem de todo o continente em relação às moedas digitais.
Com uma grande população e muitos jovens com experiência em tecnologia e mobilidade, a Nigéria pode se tornar o principal centro de inovação digital da África se conseguir encontrar o equilíbrio certo entre as regulamentações e a promoção do crescimento.
O futuro da moeda digital na Nigéria e na África
As criptomoedas oferecem muitas vantagens, incluindo inclusão financeira e proteção contra a inflação. Os esforços da SEC nigeriana para formalizar o comércio de moedas digitais abrem novas portas para as bolsas regulamentadas.
No entanto, o futuro da estrutura regulatória da Nigéria permanece incerto. O que está claro é que a abordagem da Nigéria em relação à regulamentação de criptografia pode estabelecer um precedente para outras nações africanas, moldando a economia digital do continente nos próximos anos.